Uma operação da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro investiga o desvio de aproximadamente R$ 7 milhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de jogadores, ex-jogadores e treinadores de futebol. O foco da investigação recai sobre funcionários da Caixa Econômica Federal, suspeitos de participação no esquema fraudulento.
Na quinta-feira (13), a PF cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em uma agência da Caixa, localizada no centro do Rio, e em endereços ligados a três funcionários do banco: Gladys McLaughlin, Sérgio Felix da Silva e Silvana da Silva Gomes. Durante a operação, foram apreendidos celulares, computadores e documentos que podem auxiliar nas investigações.
As investigações revelaram imagens do circuito interno de uma agência, datadas de março de 2024, que mostram uma das transferências fraudulentas. A PF identificou uma mulher, Joana Costa de Oliveira, advogada atuante no meio futebolístico e ex-diretora jurídica do Botafogo, como a beneficiária da transação. As imagens mostram Joana sendo atendida por Gladys McLaughlin, gerente da agência. Na ocasião, teriam sido transferidos R$ 440 mil do FGTS do jogador Christian Tarouco, conhecido como Titi, para a conta da advogada, sem o conhecimento do atleta. A suspeita é que Joana tenha utilizado documentação falsa para realizar a transação.
Após denúncia do jogador, a Caixa Econômica Federal conduziu uma apuração interna e concluiu que a movimentação bancária não seguia os protocolos. A advogada foi, então, obrigada a restituir o valor ao atleta.
As investigações apontam que Joana seria a ligação no Rio de Janeiro de uma organização criminosa que aplica o mesmo golpe em São Paulo. Entre as vítimas está o treinador Oswaldo de Oliveira, que contratou a advogada para representá-lo em ações trabalhistas contra clubes. No entanto, ela teria utilizado seus documentos indevidamente para realizar saques do FGTS. Em um período de um ano, foram registrados dez saques que totalizaram quase R$ 600 mil.
Além de Oswaldo de Oliveira e Titi, a polícia investiga possíveis fraudes nas contas dos jogadores Guerrero, Ramires, Raniel, João Rojas e Cueva, e não descarta a existência de outras vítimas. Os investigados poderão responder por falsificação de documento público, estelionato e associação criminosa.
A Caixa Econômica Federal informou que os valores movimentados indevidamente serão devolvidos aos clientes e que o banco mantém uma equipe técnica de segurança dedicada à identificação e mitigação de vulnerabilidades.
A defesa de Joana Prado de Oliveira declarou que ela tem colaborado com as autoridades, fornecendo documentos que demonstrariam sua boa-fé. As defesas de Sérgio Félix da Silva, Gladys Mclaughin e Silvana da Silva Gomes não foram localizadas.
Fonte: g1.globo.com